quarta-feira, 23 de março de 2011

Clergyman ou gola clerical protestante.

Vejo em Rio Preto em meus encontros com pastores e lideranças que muitos ficam espantados ao me verem com o "clergyman" (gola clerical anglicana).
Então eu estou postando esse material pra elucidar as dúvidas do pessoal.
Saber nunca é demais.

abraços. Pr. Julio

Colarinho Romano e Clergyman: diferenças?
A camisa (geralmente preta) com um pequeno detalhe branco no colarinho chama-se clergyman.
A Igreja Católica hoje permite, desde o Concílio Vaticano II, em algumas condições, que esta veste seja utilizada por seu clero, mas a origem dessa veste é na verdade protestante.
O clergyman é uma invenção bastante moderna (é provável que tenha sido inventado em 1827). Aparentemente, foi inventado pelo Rev. Dr. Donald McLeod, pastor anglicano presbiteriano.
Foi desenvolvido para ser usado no trabalho cotidiano do ministro (mais prático que a batina). Ou seja, o clergyman é na verdade uma adaptação protestante da veste católica romana.

Não só os anglicanos, mas a maioria das denominações protestantes históricas costuma ter seus ministros utilizando essa veste. Metodistas, presbiterianos, luteranos e até pentecostais.

Inclusive, hoje vemos até cléricos das igrejas orientais usando o clergyman, igrejas estas que costumam ser bem mais “rígidas” na conservação de suas tradições.

Segundo artigo do apostolado Veritas Splendor:

A camisa de clergyman com colarinho em forma de tira removível (e também o rabbat, que é uma falsa camisa de frente única ou colete com colarinho, para ser usada em conjunto com um blazer e assim imitar uma camisa ou batina) foi inventada pelos protestantes "evangélicos" anglicanos nos idos de 1960, para se diferenciar dos sacerdotes católicos e também dos sacerdotes anglicanos (rejeitando assim por completo a doutrina do sacerdócio). Logo logo esta camisa foi assumida por vários outros ramos "evangélicos" mais "tradicionais" dos Estados Unidos, desde os Episcopalianos até os Metodistas. Algumas seitas evangélicas neopentecostais também encorajam seus pastores a utilizar a camisa de clergyman, mas a maioria mesmo rejeita por completo qualquer coisa que tenha colarinho e que o faça parecer um Católico Romano."

Atentar aos detalhes é a base para que o chamado “design sacro” possa de fato existir, como “área do design voltado ao culto religioso específico”, fazendo com que o trabalho de fato seja sinal de caracterização profunda de cada instituição, doutrina ou pensamento.
Pra não errar, abaixo algumas imagens mostrando a diferença entre os colarinhos:

Significado
O colarinho clerical simboliza que quem o usa é um servo, pois este colarinho estava ao redor do pescoço dos escravos no mundo antigo. As pessoas que o usam servem como Ministros de sua Palavra. Toda a igreja tem compromisso com o testemunho de Cristo no mundo, no entanto, o pastor compromete-se de modo específico com o Ministério da Palavra. Assim, o colarinho clerical simboliza esse compromisso pastoral com o anúncio do Evangelho. O colarinho branco sobre fundo preto envolvendo a garganta é simbólico da Palavra de Deus proclamada.

Relevância
O uso de símbolos é um sinal e um testemunho vivo de Deus no mundo secularizado. Pois uma das características do movimento de secularização o desprezo por sinais e símbolos religiosos. Para as pessoas o fato de ver um ministro com o colarinho clerical já é um testemunho de fé. Assim como vendo um militar lembramos-nos da Lei, e vendo um enfermeiro (a) com seu uniforme branco lembramos o hospital. Igualmente é válido para os pastores que freqüentam lugares públicos usar o colarinho clerical.

Conclusão
O Revmº. Robinson Cavalcanti, Bispo anglicano, testemunha: “Sempre viajo, e me dirijo a eventos públicos, vestido de colarinho clerical (clergyman), sem vergonha de ser cristão e de ser ministro do Evangelho. Se pouquíssimas vezes fui por isso hostilizado na Universidade, perdi a conta das centenas de oportunidades para testemunhar de Cristo, a partir desse aspecto visual”. Em nosso mundo dessacralizado, os símbolos não podem ser esquecidos. Não podemos nos conformar com o século. O colarinho clerical é um símbolo importante. Sacraliza visivelmente o mundo sinalizando a dedicação ao ministério.

fontes:
Web site ecclesiadesign visualizado em 23/03/11
Web site Missão Reformada - visualizado em 23/03/11

terça-feira, 15 de março de 2011

Xintoísmo - religião predominante no Japão

Estamos em meio a crise no Japão, sobre o terremoto de 8,9 graus, além do tsunami que atingiram o norte da ilha nipônica.

Estive lendo há semanas um material sobre religião e achei interessante postar sobre o Xintoísmo, até porque domingo passado estivemos falando sobre essa religião.

No meu ponto de vista teológico (posso até estar errado, só Deus sabe realmente das coisas) o terremoto e tsunami não possuem nenhuma relação com o fato de que no Japão a maioria da população é Xintoísta ou Budista.

Mas, cada um pensa o que quiser, não é?

Bom vamos ao breve estudo sobre o Xintoísmo.


Estudo introdutório sobre XINTOÍSMO

Por Pr. Júlio César Loureiro Ronqui. Teólogo e Bacharel em Direito.


As religiões da China e do Japão contam com grande número de fiéis e são as mais antigas entre as religiões vivas do planeta, no entanto são pouco conhecidas no Ocidente.

O Xintoísmo não ultrapassou os limites do arquipélago, ao passo que a religião sincrética chinesa influiu em países vizinhos, simultaneamente com o hinduísmo.

O xintoísmo é um amálgama de crenças e ritos ancestrais centrados na aoração de forças sobrenaturais denominadas Kami.

Sobrevive desde tempos remotos até a atualidade, mas com o decorrer dos séculos soreu inumeráveis adaptações e transormações.

Esse nome (xintoísmo) foi criado no século VI, a partir de dois conceitos chineses, Shen e to Shen.

Shen significa "espírito" em japonês, e se pronuncia "chin".

to significa "via" ou "caminho" e se pronuncia "do" em japonês.

Essa denominação servia justamente para diferenciar da palavra "Budismo" que significa Butsudo (via de Buda ou caminho de Buda)

Os Kami são os "espíritos" ou "deuses" cuja adoração é a base do xintoísmo, e são forças sobrenaturais, múltiplas e variadas que ao longo dos séculos aumentaram em número e experimentaram numerosas mutações.

O xintoísmo apresenta duas característica notáveis:

1) capacidade sincrética, ou seja, facilidade em se adaptar ou assimilar crenças de outras religiões com que convive.

2) religião nacional que favoreceu a criação de mitos próprios, sendo arcaica e conservadora, mas que passou por mudanças e adaptações ao longo da história.


Escritos xintoístas:

Não há textos canônicos de origem sacerdotal no xintoísmo, já que não existia uma classe sacerdotal organizada e hierarquizada que detivesse o controle ideológico.

No século VII o Imperador Temmu (631 a 686 d.C.) ordenou a compilação e a ordenação das genealogias (Teiki) e das narrações (Kyuji).

Em 712 d.C. o erudito e estadista O No Yasumaro escreveu um complexo japonês carregado de expressões chinesas, chamado de Kojiki (narrações das coisas antigas), contando a história do Japão até o ano 628, incluindo relatos míticos.

Em 751 aparecem dados religiosos de interesse nas antologias de poemas do século VIII, chamado de o Koifuso e Man´yoshu de 759, além de Engishiki de 927.


Os Kami:

São seres sobrenaturais com poder e capacidade superiores aos do ser humano, que residem ou se materializam em objetos e seres. O número é muito elevado e são difíceis de se representar iconograficamente.

Há três tipos de Kami:

a) os Kami da natureza e suas forças

Exemplo as árvores e pinheiros, montanhas e pedras, lagos e rios, os animais (lobos e cervos). O trovão, os astros e o vento.

b) os Kami dos uji (linhagem)

O Japão primitivo se organizava em linhagens (uji). Com a organização social mais complexa, certas linhagens se viram privilegiadas, como a linhagem Yamato.

c) os Kami de indivíduos e antepassados

Pessoas excepcionais por seu poder ou capacidades também são tidos como Kami em vida, como o caso do Imperador.


CURIOSIDADE:

A palavra Kamikaze (significa deus do vento) e se designa aos pilotos suicidas da 2ªGerra Mundial. No século XII há uma alusão de que um "tufão" de grande violência teria arrasado uma frota mongol que pretendia invadir o Japão.


Cultos xintoístas antigos:

Os cultos mais antigos eram naturalistas, sem santuários, centrados em cerimônias que se adaptavam ao calendário agrícola. Havia especialistas no sagrado, mas não formava-se uma classe sacerdotal de fato, ao contrário tinha um papel de uma espécie de "xamã" capaz de atrair os Kami e submetê-los para conhecer o futuro ou interpretar presságios.

Os matsuri eram práticas religiosas principais, espécie de oferenda e ritos para implorar aos Kami. Buscava-se atrair os Kami com oferendas (arroz, pescados e até saquê).

Além disso haviam as procissões chamadas miyuki após a ingestão de saquês que provocava uma espécie de transe aos participantes.

A partir do século XIV até 1868 houve a defesa do xintoísmo tradicional, livre do sincretismo budista, após a queda do Xogunato (Xogum era o líder efetivo - senhor feudal no período de 1192 a 1868).

Em 1868 o Xintoísmo tornou-se religião do Estado nipônico, quando então as demais regiliões passaram a ser perseguidas até que em 1889, para alinhar-se às Constituições européias, o Estado japonês optou pela liberdade de culto.

Mesmo assim o xintoísmo continuou sendo ministrado nas escolas japonesas (xintoísmo dos templos e da casa imperial), onde os alunos eram obrigados a estudar e participar de cerimônias principais.


O xintoísmo atual:

Em 1946 os EUA impôs uma legislação ao Japão chegando-se então a uma verdadeira liberdade de culto que favoreceu uma fragmentação religiosas extraordinária no Japão.

Ainda são mantidas as cerimônias do shinto imperial, num âmbito exclusivamente privado. Além disso o xintoísmo de santuário também continua enraizado nas regiões agrícolas.

Em 2005 estimava-se aproximadamente 100 milhões de fiéis e cerca de 12 a 15 milhões correspondem a alguns dos 200 novos cultos principais.


fonte:

- Carvalho, Yone e outros. Enciclopédia do estudante: religiões e culturas. Ed. Moderna : São Paulo (2008).


Visão teológica cristã apologética:

Como teólogo cristão, pastor evangélico e estudante das religiões, não poderia deixar de fazer meu comentário.

Considerando que o respeito a todas religiões e crenças é fundamental,

Considerando que temos também a liberdade de ideologia e de expressão,

o Xintoísmo é uma "religião" que acaba afastando cada vez mais o indivíduo do Deus verdadeiro (Yahwéh - Javé), aquele pregado pelo Ocidente.

Logicamente aqui não irei fazer um estudo apologético (até porque essa não é minha intenção - por enquanto), mas não poderia de deixar minha opinião sobre o xintoísmo.

Só Jesus é o caminho, a verdade e a vida.




Copyright - este estudo pode ser copiado e utilizado,

desde que cite a fonte original e a fonte do plugvida.

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